sexta-feira, 2 de abril de 2010
Poesia de Drumond - Símbolo do Modernismo
A Verdade (Carlos Drumond de Andrade)
A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perdil de meia verdade,
E a segunda metade voltava
Voltava igualmente com meios perfis
E os meios perfis não coincidiam verdade...
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta,
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual
Qual a metade mais bela
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,
Sua ilusão,
Sua miopia.
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