sábado, 8 de maio de 2010

                                       No penhoar da Mamãe

Tantos anos se passaram e ainda hoje, cerro meus olhos e posso ver o seu sorriso franco e aberto. Meus vestidos eram impecáveis, meu cabelo com tranças, laços e fitas, assim minha infância foi desenhada com a sua firme mão.  Posso ainda sentir o aroma do seu perfume, o cheiro gostoso do seu pão, do seu bolo, dos seus temperos e até o cheiro dos meus quentinhos pijama, mais as camisolas de pelúcia, envoltos com os seus conselhos. Como eu estudava pela manhã, me levava café na cama e no inverno, passava meu uniforme para sair aquecida. Assim aprendi, que o despertar é gostoso e o frio sempre pode ser aquecido. Nos meus partos não a tinha mais por perto, mas a sua lembrança, me foi forte presença. Sua conduta e honra me guiaram nas estradas do bem, de uma maneira um tanto convencional, fazendo-me enxovais dos quais muito usei e foi com muito custo a decisão do desvencilhar.  Mas também nesta hora, lá estava minha mãe interna, educando as minhas filhas numa já  descasada vida, com um estribilho forte do vou conseguir e não é que consegui. Mãe é coisa forte pra cacete e sob o seu além olhar, estou aprendendo a responder e a  ser compreendida, na famosa pergunta de Freud "o que quer uma mulher": confiança e jogo aberto.

               Ester Polli

Amanhececer em casa

                                                            Imagem por Fernanda Polli